(1891-1974)
Ann Bridge (pseudónimo de Mary Dolling Sanders) nasceu na Grã-Bretanha. Casada com um diplomata, deslocou-se à China em 1925 e publicou o primeiro romance – Peking Picnic – em 1932, baseado em impressões aí recolhidas. Com ele vence o prémio do Atlantic Monthly do mesmo ano. Ao longo dos anos seguintes, e sempre baseada nos países onde vive com o seu marido ou por onde viaja, publica livros que têm por tema novamente a China, mas também a Croácia, Itália, Espanha (retratada a partir de França) e a Albânia.
Escrito em parceria com Susan Lowndes, a obra The Selective Traveller in Portugal surgiu de um convite que, em 1947, o editor de Ann Bridge – então já uma escritora conhecida – lhe fez. Esse convite consistia em Bridge escrever um volume acerca de Portugal, que fosse diferente dos guias turísticos habituais e que explorasse lugares pouco ou nada conhecidos. Na resposta ao editor, Bridge sugere escrever o livro em parceria com Lowndes, que tinha já bastante material reunido para um guia que andava a preparar. No Verão desse ano, Bridge e Lowndes partem pelas estradas de Portugal, registando as suas impressões de lugares remotos. A maior parte das descrições são sobre o património natural e artístico; contudo, apesar dos seus poucos conhecimentos de língua portuguesa, Bridge e Lowndes vão tentando comunicar com os habitantes dos lugares que visitam, procurando conhecer os costumes locais – por exemplo, a agricultura “fascinante e estranhamente bíblica” (Bridge e Lowndes: 22). O livro, publicado em 1949, viria a tornar-se um clássico, com sucessivas reedições.
Depois de uma introdução em que se traça um enquadramento histórico e em que são dadas algumas informações sobre geografia e flora, fazem-se algumas observações gerais sobre os costumes do povo português.
No livro, a par das descrições de lugares (parte-se de Lisboa e arredores, passando ao Sul e depois começando a deslocação para Norte, concluindo com um capítulo sobre Madeira e Açores), sobressai o facto, por um lado, de as impressões serem muito detalhadas – no caso do património artístico retratado – e, por outro lado, procura-se evocar constantemente as sensações que provocou, nas escritoras, a paisagem natural e humana.
Passagens
Portugal, China, Croácia, Itália, França, Albânia.
Citações
Os Portugueses enquanto povo têm muitas características encantadoras, mas nenhuma é mais deliciosa ou admirável do que a sua atitude relativamente ao trabalho, e especialmente em relação ao trabalho ligado aos generosos frutos da terra. Transformam numa festa, numa ocasião alegre e social, todas as actividades relacionadas com as colheitas. Varejar as árvores e recolher as azeitonas torna-se um piquenique de família: os bebés estendem-se à sombra, enquanto os jovens e os mais idosos, sorridentes e vestidos de forma festiva, recolhem a preciosa fonte do útil e adorado azeite; nada é mais bonito, quase um bailado, do que uma apanha de azeitonas no tempo das colheitas, debaixo do suave sol de Dezembro. (2008: 47)
Bibliografia Ativa Selecionada
BRIDGE, Ann & Susan Lowndes (1949), The Selective Traveller in Portugal, Londres, Evans Brothers.
—- (2008), Duas Inglesas em Portugal, trad. de Jorge Almeida e Pinho, Lisboa, Quidnovi.
Bibliografia Crítica Selecionada
BROWN, Susan; Patricia Clements; Isobel Grundy (2006), «Ann Bridge», in Orlando Project: Women’s Writing in the British Isles from the Beginning to the Present, Cambridge University.
MARQUES, Paul Lowndes (1993), «Obituary: Susan Lowndes Marques», The Independent, Feb. 25th.
VICENTE, Ana (2008), Introdução a Duas Inglesas em Portugal, Lisboa, Quidnovi.
Eduardo Oliveira Correia