(1914-1980)
Desde 1984 a viver em Portugal, Gerrit Komrij continua um dos grandes vultos da literatura contemporânea neerlandesa. Após os estudos de Literatura Comparada em Amesterdão, rapidamente ganhou renome como poeta, crítica e colunista, graças a um estilo ímpar, um humor tanto cáustico como hilariante, uma irreverência polemista para com tudo e todos, e uma assumida posição de outsider e contravoz no coro do artistas e intelectuais neerlandeses. As suas campanhas alegres contra reputações feitas da literatura, da arquitetura, da política e da televisão permanecem, décadas depois, monumentos de originalidade, frescura, beleza, humor e, sobretudo, de uma descomunal acuidade de observação e análise do último grito em arte e das manias do chamado bom senso do dia. Como crítico, colunista e ensaísta, era e é temido. Apesar dos muitos admiradores, só em 1993 ganhou o maior prémio literário holandês – o prémio P.C. Hooft, tornando-se personagem conhecida do grande público a partir de 2000, quando foi eleito primeiro poeta laureado holandês.
Antes da consagração, tinha surpreendido como romancista, autor de teatro, tradutor do teatro completo de Shakespeare e com o empreendimento hercúleo de uma antologia da poesia neerlandesa desde o século XII ao século XX em três volumes de mais de mil poemas cada e baseada numa releitura de toda a poesia acessível nas bibliotecas do país. Publicou também uma grande antologia da poesia africânder, resultante de semelhantes pesquisas aturadas nas bibliotecas da África do Sul, e ainda uma antologia da poesia infantil neerlandesa.
De 1984 a 1988, Komrij viveu em Alvites, Trás-os-Montes, uma vivência que inspirou o seu primeiro romance Over de bergen (Atrás dos Montes, 1990). Desde 1988 vive em Vila Pouca da Beira, que retratou em Vila Pouca, Portugese verhalen (Vila Pouca, Contos Portugueses, 2009). Uma coletânea de crónicas sobre Portugal foi publicada com o título Een zakenlunch in Sintra (Um Almoço de Negócios em Sintra, 1996).
Como poeta, Komrij participou em vários festivais de poesia portugueses (entre outros, em Lisboa e Porto Santo) e em inúmeros festivais nos Países Baixos, Bélgica e outros países. Para o mercado português, organizou uma antologia de poesia neerlandesa (Uma Migalha na Saia do Universo, Assírio & Alvim, 1997). Ainda escreveu o texto do álbum de fotografias Alfama – Lisboa (Antuérpia: Pandora, 1998 – fotografias de Hans Roels e Serge Vermeir). Para Porto 2001/Rotterdam 2001 Capitais da Cultura, assinou o libreto da ópera Melodias Estranhas, sobre a amizade entre Erasmo e Damião de Góis, com música de António Chagas Rosa. Em 2005, foi publicada uma antologia da sua poesia em português, Contrabando.
Passagens
Portugal, Holanda.
Citações
Eu sou um apaixonado por Portugal, mas não um apaixonado cego.
(“Fachada”, em Um Almoço de Negócios em Sintra)
Bibliografia Ativa Selecionada
KOMRIJ, G. (1997), Atrás dos Montes. Traduzido do neerlandês por Patrícia Couto. Porto, ASA.
—- (1999), Um Almoço de Negócios em Sintra. Traduzido do neerlandês por Fernando Venâncio. Porto, ASA.
—- (2005), Contrabando, uma antologia poética. Traduzido do neerlandês por Fernando Venâncio. Lisboa, Assírio & Alvim.
Bibliografia Crítica Selecionada
POS, Arie (2005), “Posfácio”, in G. Komrij, Contrabando, uma antologia poética. Traduzido do neerlandês por Fernando Venâncio. Lisboa, Assírio & Alvim.
VENÂNCIO, Fernando (1999), “Posfácio”, in G. Komrij, Um Almoço de Negócios em Sintra. Traduzido do neerlandês por Fernando Venâncio. Porto, ASA.
Arie Pos (2012/09/13)